Capitã Marvel
Um deleite! Essa foi minha
sensação ao ver Capitã Marvel nos cinemas. Um excelente filme de origem e digo
que um dos melhores filmes de herói nos moldes clássicos que já vi. Senti-me
com oito anos vendo Christopher Reeve com sua capa vermelha e acreditando que
um homem podia voar, ou melhor, nesse caso, uma mulher!
A ação do filme é bem pontuada, o
humor tem o tom e a intensidade certos, a exposição de informações é orgânica e
faz sentido dentro da trama, além de o filme ter um “deus ex gato”, o que me
ganha com facilidade, tem Samuel L. “F” Jackson solto em uma atuação ótima, e
bem diferente do que temos visto dele nos filmes Marvel.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinxhEOv_RdYmnsjGHr0ibMip-QJ28lbzacGsk9_zEvAF9IV5GCth0viluRoAi9r2mYAJfJlNiS0RTtp82wFEqD-tFkVeJnnmYdQbJrCEMeqeAhQGSw54Wbdsxam3uCmyjfCDn-pEZEk1k/s200/Goose.jpg)
O filme se passa em meados dos
anos 90 e conta a história de Carol Danvers, ou como é chamada por todo
primeiro terço da trama, Vers. Ela é uma híbrida de humana e uma raça
alienígena chamada Kree e é uma agente de um esquadrão especial do planeta
Hala, lar do Império Kree, assim como a personagem de Jude Law. Há muito tempo
outra raça alienígena, os Skrull, espécie capaz de transformar seus corpos e
tomar a forma de outros, entraram em conflito com o Império Kree devido suas
crenças expansionistas. Vers é uma agente nessa guerra e a trama inicia-se com
o preceito de resgatar Soh-Larr, um espião Kree que teve seu disfarce
descoberto pelo inimigo e está sendo perseguido pelo general Talos, personagem
de Ben Mendelsohn. Sem entrar muito em detalhes por agora, a trama é encaminhada
para terra onde apresentam-se as outras personagens. Desta vez nos deparamos
com um Fury diferente, mais bem humorado e inexperiente. Um Fury, sem Joseph,
Nick, ou Nicholas, para ser mais preciso. Temos também uma breve, mas
importante, participação de Clark Gregg, reprisando seu papel como Agente Coulson.
E com o desenrolar do enredo somos apresentados a Maria Rambeau, melhor amiga
da protagonista, e sua filha Mônica Rambeau, personagem importantíssima no
universo dos quadrinhos Marvel e, é claro, Goose, a gata.
Os roteiristas, que são muitos,
utilizam o velho recurso do protagonista amnésico para que o público absorva a
trama junto das personagens. Embora clichê, creio que fora um recurso bem
utilizado, visto que teriam que apresentar a personagem para um público que
talvez não a conheça, reformular sua história, e certamente simplificá-la, já
que a origem da Capitã Marvel nos quadrinhos é, por falta de palavra melhor,
complicada, além de ter certa ligação com a personagem nos quadrinhos. Porém isso
não tira a força da protagonista, Carol é uma das personagens mais poderosas do
universo Marvel e é certamente uma heroína que não precisa provar nada para
ninguém. Temos aqui também o grande mistério das personagens de Jude Law e Annette
Bening, que adicionam as reviravoltas do roteiro. Além de rápidas menções a
outros filmes Marvel e quadrinhos.
Para mim foi um ótimo filme,
leve, divertido e me deixou com gosto de “quero mais”. A trama acaba deixando
alguns ganchos para outras histórias serem contadas, com a possibilidade de
retornos de personagens, mas não com aquela sensação de que falta alguma coisa.
Essa história tem começo, meio e fim, mas pode transbordar em outros roteiros
interessantíssimos, o que, na minha opinião, foi magnífico. Estou no aguardo
para ver o que o futuro reserva para Capitã Marvel... ou melhor, o presente...
Caso você não tenha visto o
filme, é melhor parar por aqui. Fechei o texto no ultimo parágrafo, ele está
concluído, pode ir embora. Ah, não se esqueça que tem duas cenas extras nos
créditos. A primeira é de tirar o fôlego, a segunda é só engraçadinha. Bem...
pode ir... sério... você não vai querer ler daqui para frente. O texto
acabou... é só uma ilusão... Volta aqui depois de ver o filme. Para de ler
desgraça!!!!
Ok, ok... vamos conversar sério
agora. Logo no começo do filme é apresentada uma premissa distinta e interessante
para a Inteligência Suprema Kree. A Inteligência Suprema é uma inteligência
artificial que governa o Império Kree, nos quadrinhos ela é só uma cabeçorra
verde, nos moldes do Zordon dos Power Rangers, mas aqui os roteiristas usaram
essa forma incorpórea para traçar laços no roteiro. A Inteligência Suprema
aparece de forma diferente para cada Kree, ela toma a forma daquele que o
indivíduo mais admira. Dentro do roteiro isso é utilizado para, de certa forma,
apresentar a personagem de Annette Bening, e plantar uma desconfiança na cabeça
do público mais atento. Fora do roteiro isso toma ramificações curiosas. Pense
bem, não é a toa que um governante déspota como a Inteligência Suprema, toma a
forma da pessoa que você mais admira, é uma jogada inteligentíssima, que apela
para o emocional, para o irracional.
Bem, para o conhecedor de
quadrinhos atento as peças começam a se encaixar logo no começo da trama,
quando o nome de Soh-Larr é citado. Esse personagem é um agente Kree que traiu
o Império e se casou com uma Skrull. Logicamente as coisas não são o que
parecem. Até pelo fato de os Kree nunca terem sido flor que se cheire nos
quadrinhos, demonstrá-los como heróis e mocinhos me soou um pouco estranho
desde o começo. A misteriosa personagem de Jude Law não é referenciada por nome
por uma boa parte do filme, mas claramente, desde o começo não é Mar-Vell, personagem
que nos quadrinhos dá os poderes à Carol Danvers. Quando a verdadeira
personagem de Annette Bening é apresentada, a doutora Wendy Lawson, suas falas,
a forma como diz que sua pesquisa não é para fazer guerra, mas sim para acabar
com uma... e o cabelo! Ah o cabelo! O penteado dela remete claramente ao de
Mar-Vell nos quadrinhos... Eu adorei esse detalhe... esse e o fato de que em
sua versão Inteligência Suprema, nas visões de Carol, os cabelos são menos
loiros e mais brancos, remetendo a uma outra época da personagem. Bem, Annette
Bening é Mar-Vell, então Jude Law só pode ser outro Kree importante na vida da
Capitã Marvel, Yon-Rogg, um dos principais inimigos da Capitã nos quadrinhos.
Essa volta no roteiro traz mais do que parece a trama, fazendo com que o Skrull
Talos seja observado de forma diferente. Para quem lê Marvel, Skrull é
praticamente sinônimo de vilão, e vê-los como vítimas é algo que eu nunca esperei.
Outros detalhes interessantes são
a aparição de Mônica Rambeau, e a brincadeira com o nome de guerra de sua mãe
como piloto, “Photon”, codinome adotado pela versão super heroína da personagem
nos quadrinhos. Em uma cena, Carol a
chama de “tenente problema”, o que também remete aos quadrinhos, mas nesse
caso, a outra personagem, Katherine Renner, uma garotinha intitulada fã numero
1 da Capitã.
Adorei a breve aparição do bom
velhinho, Stan Lee, no trem, com o roteiro de Barrados no Shopping, filme lançado
em 95 o qual fez uma de suas primeiras participações especiais. Assim como a
homenagem logo no início com suas participações especiais aparecendo na logo da
empresa. O que, para mim, pode ser a abertura de todos os filmes Marvel a
partir de agora.
Temos também uma pequena
lembrança do passado, nosso querido Cubo Cósmico fazendo mais uma aparição no
universo cinematográfico Marvel. O que se você pensar dá margens para coisas no
futuro. Carol ganha seus poderes através de um acidente com a tecnologia alimentada
pela energia do Cubo, que é na verdade a Jóia do Espaço, isso abre brechas
para: um, uma explicação simples para os poderes da heroína. Um dos poderes dessa
Jóia é abrir portais, quando a Capitã entra em estado binário, vira super
sayajin, fica toda brilhosa, ela está usando o poder de um “buraco branco”, que
para nós leigos, é o contrario de um buraco negro... e que estranhamente me soa
como algo pervertido... o que faz todo sentido com a jóia, ela está agindo como
um portal para toda essa energia fotônica sair; dois no ultimo filme dos
Vingadores fora estabelecido que só uma Jóia do Infinito tem poder suficiente
para destruir outra Jóia, isso é exemplificado na discussão sobre a Feiticeira
Escarlate destruir a Jóia da Mente na testa do Visão. Tendo seus poderes
derivados de uma Jóia do Infinito, a Capitã tem poder mais que suficiente para
encarar Thanos e, quiçá, destruir as outras Jóias, se necessário.
Em suma, como fã de quadrinhos,
achei de muito bom gosto ver os Skrulls de outra forma, vê-los como exilados,
como vítimas. No nosso mundo, cheio de guerras, cheio de refugiados, é
interessante ver um roteiro como esse, que nos lembra que o suposto inimigo
pode não ser o que parece.
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