Dragon Ball Super: Broly. Um filme curiosamente confuso


Vou começar este texto confessando os meus pecados. Primeiro que estou chamando este filme de confuso, não porque ele seja confuso em si mesmo, seu roteiro ou algo do tipo, mas porque minha experiência com ele foi confusa. Enquanto escrevo ainda não sei o que pensar. Segundo, não vi Dragon Ball Super, na verdade não consegui nem passar dos fillers iniciais, em que 90% da história era baseada nos filmes: A Batalha dos Deuses (2013) e Renascimento de Freeza (2015). O que li e ouvi pela internet me desanima em dar uma nova chance ao Super, mas quem sabe um dia. Enfim, vamos à resenha.
A parte técnica do filme reflete a minha experiência com o roteiro, confusa. Se por um lado a TOEI acertou em cheio na trilha sonora, que é maravilhosa, errou, e muito, na animação. Ela é inconsistente, com frames horríveis que conseguiram me tirar da história em alguns instantes. Ponto negativo para a maioria das cenas de luta, algumas eram muito exageradas, rápidas demais, tão rápidas que não conseguia processar o que estava acontecendo, passou longe de ser empolgante. Mas, ao mesmo tempo, tiveram boas cenas de luta, e a trilha sonora ajudou a amenizar o dano que seria causado por aquelas que estavam mal animadas e exageradas.
O roteiro de Broly pretendia ficar no meio do caminho entre A Batalha dos Deuses, que é um filme de comédia, e O Renascimento de Freeza, uma narrativa focada na porrada. Ele atingiu o seu objetivo, mas o preço foi caro demais, se comparado aos outros dois, este é o roteiro mais fraco, bem mais fraco. A comédia funciona em alguns momentos, principalmente na perna final do filme, mas em outros momentos ela me tirou da história, infelizmente. Existe no roteiro uma preocupação com o desenvolvimento de personagem e em não deixar pontas soltas, não sem necessidade, mas neste quesito ele é apenas mediano, já que os mesmos estão camuflados em muitas camadas de cenas de ação que não funcionam e comédia que te tira da trama. Sim, eu sei que não dá para cobrar muito de roteiro de Dragon Ball, mas vejamos os outros dois filmes: A Batalha dos Deuses é perfeita no assunto comédia, além de ter toda uma preocupação com o desenvolvimento de personagem. Já o Renascimento de Freeza busca fechar todas as suas linhas narrativas, embora o final seja meio brochante, no quesito porradaria ele é espetacular.
Talvez o que seja o fiel da balança deste filme sejam personagens, e mais uma vez, me sinto confuso em relação a tudo isso. Alguns personagens como: Vegeta, Bulma, Bills, Whis e Paragus, além dos novos personagens apresentados para este filme, cumprem o seu papel na trama, estão bem para o tempo de tela que lhes é destinado. O problema é a dupla Freeza e Goku. O primeiro é o que podemos chamar de motor da história, é ele que coloca o roteiro em curso, isso não é o problema, a questão é a motivação do dele. É idiota. Enquanto assistia, minha namorada me perguntou: “é a volta do pudim?”. Talvez, mas diferentemente da Batalha dos Deuses este “pudim 2.0” não me convenceu e a comédia foi só decepcionante. Já o Goku, venho falando disso deste 2013, está em curso uma “idiotização” dele que em NADA me agrada. Existe um precipício entre ser idiota e ser inocente e, sua relação com Freeza só me parece ridícula, a despeito do que possa ter acontecido no Torneio do Poder, de acordo com o Super, que como já ficou claro, eu não vi.
Dividirei o parágrafo de personagens, porque penso que estes dois mereçam um destaque só para si: Bardock e Broly. Que grata surpresa! Sem entrar no debate se essas obras são ou não canon, houve uma clara reformulação destes personagens. Para quem não sabe, Bardock, o pai de Goku, era inicialmente um vilão com tons de cinza, e o que esse filme fez foi acrescentar mais tons de cinza sobre o personagem. Eu fique verdadeiramente emocionado com a ação do personagem na trama e, gostaria de ver um novo filme ou um especial só com esta nova perspectiva sobre o personagem. Já Broly foi um vilão de uma trilogia cinematográfica da década de 90 de Dragon Ball Z, que também ganhou cara nova neste filme. Adorei ver este Broly cheio de nuances, muito mais que um guerreiro lendário e sem coração, este Broly é alguém que podemos entender como verdadeiramente inocente, não a besta que estão transformando o Goku. O final do personagem foi bom e me deixou satisfeito, e sim, gostaria de vê-lo de novo, mas dessa vez sem a companhia de Freeza ou até mesmo Goku.



Talvez Broly fosse uma experiência melhor se Akira Toriyama tivesse escolhido um norte para seguir: ou comédia desenfreada ou porradaria. A ideia de fazer um filme no meio do caminho foi interessante, mas a execução passou longe dos melhores momentos de Toriyama em muitos sentidos. Sem as tristes presenças de Goku ou Freeza este poderia ter sido o melhor material de Dragon Ball já produzido para os cinemas, mas isso infelizmente não ocorreu. Enfim nota 3/5, o excelente inicio e o bom final, junto com a trilha sonora, me impedem de dar uma nota mais baixa que isso para o mesmo, por mais que ele mereça em alguns momentos.


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