Turma do Cebolinha, ops, quero dize Turma da Mônica Laços, que filme!

Vou começar o texto fazendo um “mea culpa”, pois não sou um grande leitor de Tuma da Mônica. Tive mais acesso as animações, mas adoro verdadeiramente tudo que vi e li do maior quadrinho nacional. Gostem ou não, está é a realidade! E é por isso que Turma da Mônica Laços não é somente uma adaptação cinematográfica muito aguardada da obra, como também muito merecida e sensacional!

Alô Netflix e demais cineastas estadunidenses que tentam adaptar quadrinhos japoneses, vocês deveriam conversar com o Daniel Rezende e sua equipe, tenho certeza que eles têm boas dicas para dar para vocês.

De volta ao filme. Toda a trama gira em torno do sumiço de Floquinho, o cachorro do Cebolinha. No melhor estilo Sessão da Tarde, a turminha saí em uma aventura atrás do melhor amigo do homem, digo, do menino. O impressionante é exatamente isso, a trama em si obedece a um estilo de narrativa já bem conhecido do público, mas consegue encantar, emocionar e surpreender. E não é só isso, o filme transita de forma brilhante por diferentes momentos: da rivalidade infantil para o chamado para uma aventura, da ação para a poesia, do drama para a comédia, sem dúvida é algo que muitos “filmes de gente grande” não consegue fazer.

Todos os quatro protagonistas estão muito bem retratados na trama, eles têm o mesmo tempo de tela e o seu desenvolvimento é maravilhoso. Mas, para mim, o destaque deste filme é o Cebolinha. Meu Deus, que personagem! Ele é o ponto de conflito da trama, faz a história girar, tanto na ação quanto na parte emocional. É impossível sair deste filme sem perceber o futuro brilhante que o seu jovem intérprete, Kevin Vechiatto, tem pela frente. Mas temos que ser justos e tirar o chapéu, Kevin só pode brilhar porque ele não precisou carregar os seus três colegas de tela nas costas. Cada uma destas crianças mostra, de sua maneira e dentro do seu personagem, que nasceram para atuar. Giulia Benite faz da sua Mônica o contra ponto a altura que o Cebolinha precisa ter no filme. A encantadora personalidade da menina dos quadrinhos que não se deixa humilhar pelos garotos está ali, bem na nossa frente passando na tela. Já Gabriel Moreira, Cascão, também tem uma atuação incrível e é ao mesmo tempo o personagem mais engraçado da turma e a voz da consciência do nosso protagonista. Por fim, a Magali de Laura Rauseo, tão perfeitamente aérea é simplesmente incrível. Que futuro tem estes quatro minha gente, que futuro!

O elenco de apoio também está de parabéns. Destaque especial para o nosso vilão, que não é tão mau como o Pica-pau. Sim ele é mau, mas não precisa ser caricato para ser mal, e eu sinceramente amei isso.

Não é só na atuação e na parte narrativa que o filme é maravilhoso, a produção toda é incrível. A história que vemos na tela se passa nos anos 1980, e eu verdadeiramente acredito que estas crianças estavam em um bairro residencial de uma cidade brasileira de médio porte da época. A trilha sonora também é muito boa, e ajuda a compor o quadro emocional das cenas. Agora incrível mesmo é o jogo de câmeras feito por Daniel Rezende. Os cortes e closes estão bem marcados ao longo de toda a película, e não estão ali por firula ou algo do tipo, os mesmos fazem parte da identidade da narrativa, sendo para mim um elo, ou melhor, laço da mesma!   

Ah não posso me esquecer também dos easter eggs. Turma da Mônica Laços é recheado deles. Vejam o filme e procurem, tenho certeza que vocês vão gostar do que encontrarão.

Em questão de narrativa, existe um único ponto que eu mudaria nesta obra: a personagem Magali. Não estou me contradizendo, reafirmo o que eu disse, acho incrível a maneira aérea como a personagem é retratada no filme, mas acredito que ela poderia funcionar mais como consciência da Mônica, tal qual o Cascão faz com o Cebolinha. Entretanto, segundo minha consultora especial para assuntos ligados ao “monicaverso” (te amo vida), isto nunca se fez presente nas revistinhas. A Magali é aérea orque ele está pensando em comida em 90% dos casos. É uma crítica mais pessoal mesmo, e de toda forma a personagem está incrível.

Turma da Mônica Laços não é apenas uma grande adaptação do maior quadrinho nacional, como também é um dos melhores filmes infantis já produzidos no Brasil, senão o melhor. Quem não viu, vá ao cinema agora, tenho certeza que vocês não vão se arrepender.