Manual de Caça de Formëna – Hidra Negra


Por Naida Vorgon, Mestre de caça e membro da Universidade de Burkhardt
Nome: Hidra Negra, Hidra dos Pântanos
A criatura é uma grande serpente com sete cabeças, que quando levanta seu corpo alcança até quase 6m de altura. Seu corpo é recoberto por escamas negras arroxeadas e manchas amarelas na parte dorsal, seus olhos são de um púrpura profundo. Seu corpo é robusto e afina levemente em direção a cauda, terminada em um grande chocalho. A pele da parte interna de suas bocas é de um rosa vibrante e possuem seis presas superiores e duas inferiores, as presas frontais são maiores e mais pontiagudas.
Tamanho: 20 - 25 m (Comprimento total)
Peso: 3520 - 4400 Kg
Expectativa de vida: 160 anos

Comportamento
Esses animais são solitários e muito territoriais, tendem a atacar com voracidade outros animais que cheguem muito próximos a seus covis. Seus territórios são fixos, só deixando-os durante a época de acasalamento, e retornando para seus territórios após esse período.
São criaturas de hábitos noturnos, caçadoras de emboscada, espreitam suas presas por algum tempo, estudam até um momento de distração para seu ataque surpresa. Elas têm a tendência a tentar capturar presas vivas e fugir com estas para seus covis. Normalmente o ataque vem da água ou de algum lugar escuro, rápido e certeiro, uma mordida para inocular o veneno, enfraquecer a vítima, seguido de um rápido movimento de constrição com a longa cauda e então a fuga do animal com a presa incapacitada. Costumam caçar animais de médio à grande porte, normalmente de sangue quente. A Hidra Negra tenta escapar de combates diretos, porém se não for possível fugir, ou se seu covil estiver em perigo ela atacará vorazmente, dessa maneira a criatura atacará com mordidas e tentará agarrar e esmagar seus inimigos com a cauda.
Devido seu tamanho acredita-se que essa espécie de Hidra passa por longos períodos de hibernação, poupando energia, seguido de uma curta temporada de caças, para acumular nutrientes, tendo também uma troca de peles por ano.
O chocalho na ponta do rabo da Hidra Negra quase não é utilizado e se mantém silencioso a maior parte do tempo, ela o utiliza em duas ocasiões específicas. Para afugentar possíveis invasores, caso não se sinta obrigada a um confronto direto ou não esteja apta a caçar. E durante o período de acasalamento, de oito em oito anos essas criaturas viajam fora de seus territórios para procurar parceiros, nesse momento o chocalho também é usado para atrair um parceiro suscetível.
O período de gestação do ovo externamente ao corpo da mãe é de alguns dias, pois as Hidras são ovovivíparas e retém os ovos dentro de si até estarem prestes a eclodir, o que explica também o comportamento de abandonar os ovos assim que os põem. Um animal saudável botará de um a três ovos por ninhada e a gestação dura no total cerca de um ano. É muito comum os filhotes, ao nascerem, brigarem entre si, até ao ponto de canibalizarem um ao outro, ou mesmos comerem os ovos dos irmãos. Hidras Negras levam cerca de 6 anos para serem consideradas adultas, mas ainda cresceram por mais uns 7 a 10 anos.
Habitat
Rios, Lagos e Pântanos. Hidras Negras gostam de fazer seus covis em lugares escuros e úmidos, próximos a grandes massas de água.
Conhecimentos Comuns
A lenda mais recorrente quando se trata de hidras é sobre sua capacidade regenerativa, e principalmente a idéia de que se uma cabeça for cortada duas nasceram no lugar. As lendas divergem quanto ao tempo dessa regeneração, alguns falam de segundos após o corte, outras falam de dias, algumas outras falam de anos.
Muitos crêem que cada cabeça de uma Hidra age independentemente, podendo brigar entre si, como se cada cabeça fosse um indivíduo diferente. Dizem que pode-se utilizar dessa confusão para combater essas criaturas, fazendo-a atacar a si própria.
Alguns acreditam que esses animais têm a capacidade de lançar jatos de veneno de suas presas para acertar alvos a grandes distâncias.
Alguns relatos dizem sobre criaturas dessa espécie que tem a capacidade de falar, existem até histórias de longas conversas mantidas com Hidras Negras. Exploradores dos pântanos ao norte da Druzia dizem ter capturado um espécime após ter argumentado com a criatura por horas.
Outra crença comum é na capacidade de hipnotismo dessas criaturas, dizem que deve-se evitar fitar diretamente em seus grandes olhos vermelhos. Uma variação desse crença a de que na verdade esses animais são dotados de poderes ilusórios.
 Existe uma coletânea muito antiga de poemas chamados de “Os Sons de Lectio”, um desses aparentemente trata-se dessa criatura, segue aqui a tradução para urbar desse poema:
A Dama e a Serpente Negra
A pálida pele relumbra com sua substância
O palmo apalpa o invólucro do seios
Os lumes levantam relutantes
A boca escarra um sorriso
“Su'astúcia é mor a graça que seduz”
Sugere a serpente de umbrosa epiderme
“Despautério se faz de minh'essência,
Quando com ser tão voraz me sou assemelhado”
Olhos encarnados fitam tão alabastrina entidade
Suas cabeças, nove, circundam a figura feminina
“Ambiciono seu semblante,
mas não deixo de recear seu fascínio.”
Conhecimento Avançado
A lenda sobre a regeneração das hidras tem algum fundamento na realidade, é sim possível para uma hidra regenerar uma cabeça decepada, mas o corte de uma cabeça não irá criar duas no lugar, cada espécie de hidra tem uma quantidade determinada e diferente de cabeças. A regeneração completa de uma cabeça levará de 1 a 3 meses, dependendo da altura do corte. A pele da nova cabeça será de coloração um pouco diferente do resto do corpo por no mínimo mais duas trocas de pele do indivíduo.
Pode acontecer de essa nova cabeça não se regenerar perfeitamente, tendo o pescoço mais curto, membranas nos olhos ou mesmo olhos cegos, mandíbulas mal formadas ou outro defeito estrutural. Isso normalmente acontece quando a ferida infecciona, é cauterizada ou causada por meio ácido. Há relatos de animais dessa espécie mutilando uma cabeça defeituosa ou muito ferida para que outra saudável cresça no lugar. Provavelmente daí vieram as histórias sobre cada cabeça ter uma mente individual, e de a criatura poder ser confundida até que ataque a si própria.
Uma curiosidade sobre as várias cabeças de uma Hidra é que cada uma delas possui um “proto-cérebro”, o que permite que o animal olhe em direções diferentes ao mesmo tempo com cada cabeça, faça ações diferentes com cada uma e permite até a perda de seis de suas sete cabeças sem perder nenhuma funcionalidade fisiológica. Próximo a base das cabeças, essas criaturas tem uma espécie de bulbo neurológico, de forma a dividir as funções cerebrais, fazendo com que o “proto-cérebro” foque-se em controlar cada cabeça (visão, olfato, percepção infravermelho, audição) e o bulbo neurológico controla as outras funções do corpo e age como um cérebro propriamente dito. Logo essa ideia de que cada cabeça da criatura pensa individualmente é uma grande falácia.
Apesar de não conseguirem respirar debaixo d'água, todas as espécies de hidra conhecidas têm a capacidade de permanecer aproximadamente 18 horas submersas. Às vezes permanecendo boa parte desse tempo inerte no fundo de um rio ou lago, esperando por uma presa.
Hidras Negras são a única espécie de Hidra conhecida a ser venenosa, seu veneno é um tipo de neurotoxina que paralisa a vítima ao contato com sangue ou mucosas, podendo até provocar paradas respiratórias em casos mais graves. Já a crença na capacidade de lançar jatos de veneno também tem fundamento real, essas criaturas têm sim glândulas para secreção do veneno capazes de espirrá-lo à distância. A única questão é que esse não é um comportamento de caça ou de ataque, pelo contrário, é um comportamento de defesa. O animal só utilizará esse recurso se sentir acuado a ponto de fugir. Um dos motivos para tal é que cada cabeça de uma Hidra Negra tem veneno suficiente para três mordidas, um jorro de veneno irá esvaziar completamente as bolsas de veneno de uma de suas cabeças, pois o animal não tem a musculatura necessária para parar o esguicho. Sabe-se que o tempo necessário para a produção de veneno para uma mordida é de aproximadamente 14 horas.
A ideia de que essas criaturas têm a habilidade de falar, poderes hipnóticos ou ilusórios vêm de um antigo poema Lectenho "A dama e a Serpente Negra" que conta o diálogo entre uma mulher extremamente pálida e uma grande serpente negra, com olhos vermelhos e nove cabeças. Além do fato de a criatura falar, o que é uma irrealidade, existem dois erros anatômicos na criatura descrita no poema em relação à criatura real, a Hidra Negra possui sete cabeças e olhos púrpura.
Outra curiosidade é que a crença na habilidade de falar vem na verdade da capacidade desses animais de imitar sons, nada como frases completas e com nexo, mas sim sons de outras criaturas e até uma palavra ou outra desconexa, de forma mal pronunciada, devido o formato da língua desses animais. Acredita-se que esse comportamento é para atrair presas mais facilmente.

Insumos
Olhos: Os olhos púrpura arrozeados das Hidras Negras são muito usados em bebidas e em alguns casos como elementos de decoração. Devido a sua bela cor podem alcançar preços razoáveis no mercado certo.
Presas: Suas presas podem ser usadas para as mais diferentes coisas, desde para fabricação de elementos decorativos, até na produção de instrumentos musicais, devido a presa ser oca e em formato de cone, pode ser usada na criação de certos tipos de instrumentos de sopro.
Bolsas de Veneno: Cheias ou vazias podem ser usadas das mais diferentes formas. O veneno paralisante é muito útil e valioso, mas a própria estrutura muscular e cavernosa da bolsa pode ser aproveitada para carregar líquidos como água, vinho e etc. se bem levada e curtida. Cada cabeça de uma Hidra Negra tem 3 doses de veneno, contanto que a criatura não as tenha utilizado durante a batalha, o veneno de uma das cabeças pode ser extraído e utilizado.
Couro: O couro das Hidras Negras é bem resistente e provem uma boa proteção contra cortes, se trabalhado de forma correta pode ser utilizado na criação de armaduras, ou outros aparatos de proteção.
Escamas: Suas escamas são duras e grossas e provem uma grata proteção contra danos por impacto. Podem ser usadas das mais diversas formas, mas normalmente são empregadas em escudos e armaduras.
Chocalho: Não tem muito uso real, mas pode ser usado como instrumento, ou mesmo como peça de decoração. Alguns caçadores guardam como troféu.
Carne: A carne das Hidras Negras é comestível se bem preparada, é um pouco dura e fibrosa, nada que ser cozida por muito tempo, ou ser utilizada em um ensopado não resolva.
Ovos: Os ovos destes animais são muito raros, e bem frágeis, não tendo uma casca propriamente dita, e sim uma película maleável e semitransparente. Quando o ovo é botado o animal já está prestes a nascer, então em vez de gema e clara você encontrará uma pequena Hidra Negra de aproximadamente seis metros faminta.

Técnicas de Combate
A combinação entre o couro e as escamas dessas criaturas dá a elas uma grande resistência a danos de corte e impacto, logo armas perfurantes são o caminho mais fácil.
Apesar de grandes são animais muito rápidos, e o número de cabeças pode causar um grande problema para alguém que pense em desviar dos ataques dessa criatura. A melhor opção é permanecer à distância, pois além das mordidas, que combinadas com o veneno paralisante são mortais, esses animais têm uma capacidade de constrição incrível.
Quanto a armas, arcos, bestas e javelinas são ótimas opções, lanças e piques, ou até mesmo uma maça com espinhos também podem causar algum dano, mas te colocaram na linha de ataque da criatura. Armaduras não oferecem grande proteção, pois os dentes da criatura são muito longos e certamente atravessaram o metal facilmente. Alguns caçadores usam barreiras com grandes escudos retangulares, mas é uma estratégia arriscada com esse tipo específico de Hidra devido a quantidade de cabeças que a criatura possui. Proteções para olhos e boca também são muito importantes, mesmo que seja raro o animal utilizar seus jatos de veneno. Distância é a melhor defesa.
Essas criaturas são extremamente mortais, não é aconselhável um combate direto, ou mesmo atacá-las desacompanhado. Pegá-las desprevenidas também é muito difícil, devido seus hábitos de caça, mas é o ideal. Uma tática interessante é a de utilizar alguma isca, como um animal grande, para atrair a criatura e fazê-la perder o elemento surpresa, para ai sim atacá-la. Também já foi discutida a utilização de seu chocalho, imitando o chamado de um possível parceiro para obter o mesmo efeito, mas a eficácia deste método requer mais pesquisa.

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