One Puch Man: Poderosamente Humano
Este ano fomos
agraciados com a segunda temporada de One Puch Man. Apesar de alguns problemas
na parte técnica, o roteiro não nos decepciona, e o seu autor prova para
aqueles que não leram a web comic (tirinhas), que dá para fazer muitas piadas e
reflexões com um herói que vence todos os seus inimigos com um soco só.
Para o leitor
que não é fã de mangas, aqui vai uma pequena sinopse de One Puch Man. Em um
mundo repleto de malfeitores, criaturas bizarras, monstros e kaijins as cidades
são constantemente atacadas e a humanidade vive ameaçada. Porém neste universo
extremamente perigoso e hostil para as pessoas, vive Saitama, o herói mais
desconhecido e poderoso da Terra, que treinou tanto para ficar forte que até
ficou careca e agora é capaz de vencer todos os seus oponentes com um soco só.
Sim meu cara leitor, é isso mesmo que você leu, o nosso protagonista consegue
derrotar todos os seus adversários com um soco só! Você vai ficar mais surpreso
ainda ao sabe que este anime não é originalmente um manga, como a maioria é,
ele também foi adaptado para manga, porque o mesmo é originalmente uma tirinha.
A esta altura, os senhores já perceberam que estamos falando de uma comédia, e
das boas.
Como eu disse no
início do texto, este anime teve alguns problemas na parte técnica, que na
verdade nem seriam problemas se estivéssemos falando de um anime estreante ou
de uma obra “menor”. Explico-me, a primeira temporada de One Puch Man foi
produzida pelo estúdio Mad House, que fez um trabalho primoroso na parte da
animação, com uma qualidade que não costumamos ver todas as temporadas. Porém,
a segunda temporada desta história foi transferida para o estúdio JCSaft, que
não é um estúdio de ruim. Costuma entregar bons trabalhos, mas não passa de uma
produtora mediana. E é isso, a segunda temporada de One Puch Man foi bem
mediana, o que não seria um problema, se eu não tivesse visto a qualidade
gráfica da primeira. Mas para não dizer que eu não falei de flores, a abertura
desta temporada está melhor que a primeira, e eu duvidei que isso fosse
possível. Detalhe curioso e legal, ela foi composta pelo brasileiro Ricardo
Cruz, que faz parte da banda nipônica que gravou a mesma, a Jan Project. A
música realmente ficou incrível.
Acredito que a
maior qualidade desta história seja a sua capacidade de mergulhar de cabeça no
conceito do absurdo, e usar isso para te prender na trama. As piadas sempre vêm
de onde você menos espera, nessa temporada mesmo existem algumas situações que
são bem tensas, mas o roteiro faz questão de parar para fazer uma piada. E aqui
que está o pulo do gato, não fica ruim, porque a piada casa exatamente no
absurdo que é a história. Mas o absurdo não fica somente na parte das piadas, o
roteiro também usa dele para criar lutas incríveis, alguns são realmente
marcantes. Tudo bem, no fim o Saitama sempre salva um dia com um soco só, mas
existem outros personagens ali que conseguem nos entregar uma LUTA JUSTA.
Já que falei em
personagens, devo dizer que todos os personagens da primeira temporada que
aprendemos a amar, estão de volta. Mas também, uma série que conta com Saitama,
Tornado, Genos, Silver Fang entre outros não poderia decepcionar. Agora na
segunda temporada o elenco do anime aumentou, e eu gostaria de destacar três
destes novos personagens: King, Suiryu e Garo. Tudo bem, vocês podem dizer que
o King não é exatamente um personagem novo, pois o mesmo foi introduzido na
história na primeira temporada, mas o fato é que ele só foi trabalhado na
segunda temporada e a história dele é muito One Puch Man, se é que você me
entende. Não vou dar spoilers porque isso poderia estragar a experiência de
quem ainda não viu, mas não podemos julgar um livro pela capa. O Suiryu é
destes três personagens o único que teve um ponto de virada em seu desenvolvimento,
e apesar dele ser babaca, devemos admitir, ele tem muito carisma. O fato dele
ter poder para ser o herói mais fortes deste universo, mas não o sê-lo porque
acredita na lei do mais forte é um elemento novo em uma história onde até então
todo mundo não só almejava isso. Por fim, temos o vilão Garo, que o roteiro
deixa bem claro não ser tão vilão assim. Ele tem aquela personalidade estourada
parecida com o Vegeta de DBZ, mas no fundo percebemos que Garo não é alguém
exatamente ruim. Apesar de conhecermos bem o passado da personagem, não sabemos
exatamente quais são os seus objetivos, o que ele quer atingir fazendo o que
ele faz, só acredito que tudo não seja motivado pelo interesse de SE TORNAR O
CARA MAIS FORTE DO MUNDO. Garo é mais do que isso, e ainda vai nos surpreender
bastante.
Falei acima que
a história assume o absurdo e isso a torna muito boa. Mas o roteiro vai além
disso. Ele usa o absurdo para fazer algumas reflexões sobre os heróis e as
pessoas que resolveram carregar aquele fardo. Refletindo agora enquanto escrevo
este texto, percebi que toda a segunda temporada foi amparada em dois
personagens que negam o papel dos heróis como essenciais para a sociedade,
justamente Suiryu e Garo. Um o faz por egoísmo e o outro por ressentimento.
Isso para não falarmos de King, que não nega o papel dos heróis, mas teme o
rumo que as coisas estão tomando. O fundamental é que me parece que o roteiro
quer ir além dos heróis e do heroísmo, ele quer falar de humanidade, do que faz
de nós pessoas, e isso pode ser sintetizado pelo Saitama, que tanto nesta
temporada como na anterior, tem vários momentos de reflexão para pensar no que
ele sente sobre a sua vida que é um tédio, porque ele vence todos.
Apesar de alguns
probleminhas técnicos, One Puch Man segue firme como uma das principais
comédias da atualidade, assumindo toda a sua loucura e aproveitando para falar
de coisa séria. Enfim, que venha a terceira temporada.




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