Os Anões de Formëna - Mitologia e Cultura

Por Grimgorl Haraz, professora e historiadora do Rol de Erudição de Omurad e membro honorário da Universidade de Burckhardt
“CAS TUIGEN DRIN A TAK TUIGEN DRIN” (Para entender alguém, basta entender do que ele é feito), é um ditado comum na sociedade anã. Com esse pensamentos decidi criar esse documento para mostrar do que somos feitos, do que nossa sociedade é feita, com o intuito de estreitar as relações que temos criado com governos humanos e, principalmente, com a Universidade de Burckhardt, que fora extremamente generosa ao me conceder o título de membro honorário e me dar acesso a sua magnífica coleção de saberes.
O principal a se notar nas relações dentro da sociedade anã é o quão profundo as origens mitológicas de nossa espécie estão enraizadas em nossa sociedade:
“No início era A Rocha. Com o tempo ela se desgastou, e então surgiu a terra. Da terra surgiu a areia e da areia, a água. E assim foi por muito tempo. Das rochas mais antigas e sábias, surgiram os primeiros anões. Os sete primeiros, os pais de todos. Da terra úmida surgiram as plantas, quando pedras caíram nesta terra úmida, surgiram os trolls. Da terra seca vieram os humanos. Da madeira das árvores vieram os elfos. De um tronco podre vieram os orcs, goblins, e toda a raça de goblinoides. Das entranhas da terra viva e fervente vieram os dragões. Os primeiros anões esculpirão dA Rocha seus filhos. Barda, o mais puro e poderoso, esculpira seus filhos com Mithril, eles eram os mais fortes e resistentes, com barbas brancas e peles prateadas. Bur fizera seus filhos misturados ao ferro, eram duros e amargurados, mas valorosos e honrados. Dal esculpira seus filhos com alumínio, ele eram rápidos, ágeis e exímios besteiros. Baldor fizera seus filhos do ouro, eles se tornaram gananciosos e invejosos. E com eles veio a guerra, a morte, o Dragão e a queda de Baldor. Por fim, Dwin esculpiu seus filhos dA Rocha pura, esses somos nós, e é agora a nossa hora de mostrar aos sete pais quem somos.”
Essa é a origem mitológica passada de pai para filho na sociedade anã. É onde nossa fé, religião, cultura, aristocracia, modos de vida são baseados. Tudo é mérito, conquista e forja. Desde o amor pela cerveja, do respeito aos clãs e aos ancestrais, até as decisões tomadas nos gabinetes dos marechais de combate são regidas por nossa origem mitológica, pelA Rocha, pela crença em Barda, pelos ensinamentos de Omur, pelo temor de Baldor e seus filhos. A resistência de nosso povo em permanecer em cidades, clãs e reinos subterrâneos, em vez de vir para a superfície e mesmo o preconceito para com os de nossa espécie que decidiram fazê-lo. Tudo volta-se para nossa origem mitológica. Não digo que todo anão é um religioso, ou tem o fervor de um clérigo de Bur, mas essa crença está tão fundida em nossa cultura diária que a maioria de nós segue preceitos nela baseados sem mesmo pensar.
Nesse pensamento, é bom que aprenda-se a discernir os diferentes clãs e suas origens, não vou entrar aqui em detalhes, nem enumerar cada clã, pois não haveria espaço em um livro para tantos, mas vou aqui estabelecer, como sempre, suas origens, os pais e o que eles representam e como isso nos afeta, seus filhos.
Os Sete Pais Anões:
Conta-se que há muito tempo atrás, quando Formëna era habitada por dragões, cada um dos pais anões fundou um dos sete reinos da antiguidade, e forjou seus filhos da própriA Rocha fundamental, cada qual adicionando metais diferentes a forja. Mesmo que a crença seja que todos os anões hoje vivos sejam filhos de Dwin, muitos crêem ser também descendentes desses anões antigos, metálicos e místicos. Saber com qual dos pais um indivíduo ou um clã se identifica diz muito sobre ele.
BARDA - O Ancestral
O mais velho dos pais anões, conta-se que nascera séculos antes dos outros seis. Fundador do Reino de Grumgog. Conta-se que ele e BALDOR lutam pela eternidade nos subterrâneos do mundo. É dito também que não há entradas na superfície para os dois reinos perdidos, Grumgog e Yardruza, eles estão tão fundo na terra que não há outra entrada que não o labirinto de túneis feitos pelos antigos.
DWIN - A Rocha
Segunda dos pais, mais tarde veio a se tornar esposa de BARDA e protetora da sociedade anã. A ela é dado o crédito da criação dos primeiros anões comuns, ela quem aprendeu a esculpir a vida da própriA Rocha fundamental e ensinara a seus irmãos. Fundadora do reino de Farkak.
BALDOR - O Matador de Dragões / O Ambicioso
O terceiro pai, fundador do antigo reino de Yardruza, seus filhos eram grandes guerreiros, eram conhecidos por serem formidáveis caçadores de dragões. É contado que BALDOR se corrompeu e tentou dominar os outros reinos anões, mas BARDA interveio, o que coloca os dois reinos,Yardruza e Grumgog, em uma guerra eterna.
BUR - O Ferreiro
O quarto pai, aquele que descobrira a arte da forja, dizem que sua barba era feita de Oricalco e que ele forjava o aço das armas com as próprias mãos, foi o fundador do reino de Duggenbur.
DAL - A Cervejeira
A quinta, criadora da velha arte de fermentação e descobridora de uma das maiores paixões anãs, a cerveja. Fundadora do reino de Dalduum.
GOMBAR - A Montanha
A sexta dos pais, diz a lenda que ela mesma esculpiu as montanhas para que os anões pudessem morar sob elas. Fundadora do reino de Gombarduggen.
OMUR - O Santo
O sétimo pai anão, o mais novo, foi ele quem criou a religião anã, as lendas e é a ele atribuído a maior parte do nosso modo de vida. Fundador do reino de Omurad.
Agora, deixando um pouco do aspecto cultural de lado, até porque nossa sociedade é um tanto reservada nesses meios. Vou usar o resto desse documento para responder questões levantadas por colegas acadêmicos, visto nosso meio de vida subterrâneo e nossa “inaptidão arcana”, como colocado por um certo professor, durante minha visita as redondezas da universidade.
Alimentação
A dieta anã é muito baseada em fermentados, raízes, tubérculos e carne importada da superfície, seja por compra e venda, ou mesmo por incursões de caçadores anões em busca de comida, ou até mesmo de bestas subterrâneas. Nossa cozinha é simples, prezando pela velocidade de preparo e não pelo sabor. A comida deve alimentar e não ser prazerosa. As bebidas são fortes e cheias de nutrientes, e as mais produzidas são as DUUMERR (cervejas), feitas, na sua maioria, de uma espécie de raiz chamada AKMORK, normalmente são divididas em: GIRDUUM (cerveja falsa), sem álcool, com bastante nutrientes, normalmente bebida por crianças; UUNDUUM, ou só UUN (cerveja barata, ruim), forte, amarga e pesada, normalmente bebida pelas castas mais baixas; TUGDUUM (cerveja verdadeira), bem forte, mais saborosa e refinada, normalmente bebida pelas classes mais altas. Outra bebida muito comum é o KALLUDUUM (cerveja dourada ou hidromel) que é produzido de uma espécie de "mel" extraído de colônias de Owads (uma espécie de artrópode gigante que vive como formigas nos subterrâneos). Os anões de castas mais baixas costumam passar dias sem comer alimentos sólidos e se alimentando só de líquidos, normalmente litros de UUNDUUMERR.
Vestimentas
As vestimentas mais nobres são produzidas da seda das pulpas dos mesmos artrópodes dos quais se extrai o "mel". Já as roupas mais simples são feitas de ramos de raízes, desfiadas, trançadas e curtidas, dando um aspecto coriáceo às peças.
Rebanho e Plantio
Originalmente as sociedades anãs não costumavam criar animais, esse costume veio com o contato com a superfície e com os humanos. Próximo as grandes entradas conhecidas dos reinos anões, onde normalmente há uma praça de comércio, há pequenas fazendas para criar porcos, javalis, cabras de guerra. Hoje algumas dessas até produzem humilo e cevada para produzir DUUMERR mais saborosas.
Nossas plantações internas as cidades subterrâneas costumam ser de fungos, cogumelos, ou mesmo de raízes e tubérculos em plantações nos tetos das cavernas conhecidas como ZARBAKULE.
Arquitetura e Urbanismo
As cidades anãs não diferem muito de uma cidade humana em sua organização, porem, nossas ruas são mais como um emaranhado de túneis que se estendem tanto na horizontal como na vertical do que caminhos estreitos entre as casas. Normalmente amplos espaços só ocorrem em "praças" ou mesmo nos vãos centrais de ventilação de cada cidade ou clã. Diferentemente das cidades humanas que expandem concêntricas para as verticais, as cidades anãs costumam ter andares e esses andares costumam ser governados por determinados clãs, na sua maioria, quanto mais baixo mais prestígio se tem. Quanto à iluminação, mesmo que tenhamos uma capacidade ocular mais propícia ao escuro que os humanos, a luz é bem vinda, os corredores tem sim certa iluminação, geralmente feita por tochas ou braseiros de KALLUMORK (carvão mineral) e espelhos de metal polido. As tochas são espaçadas e na sua grande maioria são mantidas só em brasas para prover uma penumbra. A ventilação é feita pelos grandes vãos verticais em certos pontos da cidade que citei há pouco, normalmente no centro de uma espécie de praça. No topo eles são divididos em várias chaminés e suas pontas são feitas de forma que o ar quente saia pelos cantos do vão e o ar frio desça pelo centro, renovando assim o ar de toda a cidade. Algumas casas mais nobres costumam ter vãos de respiração particulares, tendo assim um ar muito mais limpo.
Economia
A economia anã gira principalmente em torno da industria do metal, tanto na sua extração como na sua purificação e produção de utensílios, mas, claro existem outras áreas. Comércio de comida e outros, como a na sociedade humana também é algo comum. Porém o comércio tem um papel muito mais fundamental do que para os humanos, tanto que a língua comum por nós todos falada fora inventada pelos comerciantes anões do passado para se comunicarem com facilidade entre eles e a superfície.

E espero que, como para esses pioneiros do passado, que inventaram a língua a qual me utilizo para escrever esse documento, nossa relação com a superfície cresça e se fortaleça, com esse documento, nos ajudando a forjar um laço poderoso de amizade e respeito entre a sociedade humana e anã.




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